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A valorização e o respeito à liberdade religiosa nas empresas é o foco do texto reflexivo de Suzana Braga*, Sócia-diretora da Colméia Arquitetura e Engenharia.
A palavra religião vem do latim re-ligare, que significa “voltar a ligar”, “religar os seres humanos a Deus”. Infelizmente a convivência entre os seres humanos nem sempre é pacífica. A intolerância se expressa diante de várias diversidades: de gênero, de etnia, de geração, de orientação sexual, de padrão físico-estético e também, de religião.
Muitos conflitos e guerras violentas foram e ainda são travadas em nome de uma determinada crença religiosa. A violência interreligiosa, entre as religiões, pode causar espanto, mas tem crescido de forma assustadora. A intolerância acontece entre hindus e muçulmanos na Índia, entre budista e hindus no Sri Lanka, entre cristãos e muçulmanos nas Filipinas, Indonésia e a extinta Iugoslávia, entre judeus e muçulmanos no Oriente Médio, entre católico-romano e protestantes na Irlanda e entre budistas e cristãos na Birmânia e o extremismo religioso não para por aí. Mesmo no Brasil, experimentamos cenas de intolerância religiosa movidas por neo-pentecostais contra adeptos das religiões afro-brasileiras.
A liberdade de crença deve ser absoluta. O livre-arbítrio deve incluir, também, a liberdade de não-crença, da expressão de ateísmo, agnosticismo ou da simples indiferença frente aos valores religiosos. O respeito à diversidade é um dos valores mais importantes no exercício da cidadania. Opções religiosas, homossexualismo e deficiência física são exemplos de situações de diversidade na sociedade, com as quais as empresas precisam saber conviver e respeitar.
Soluções cabíveis ao empresariado na busca da tolerância religiosa podem ser a procura de orientação com profissionais da área de recursos humanos, a articulação de palestras na empresa e a disseminação da política do bom relacionamento. Instituições que agem com responsabilidade e respeito pelas opções de seus colaboradores e clientes, inclusive religiosa, são sempre bem vista pela sociedade.
Em uma época em que o senso da delicadeza e do cuidado pelo outro é escasso, devemos procurar pistas que traduzam a abertura inter-religiosa no trabalho. O caminho para este desvelamento é uma viagem para dentro de si mesmo, o que culmina em um diálogo não superficial. Precisamos de uma profunda provocação, no sentido de uma mudança de rota ou, melhor ainda, de mudança de ritmo e de percepção do real. Devemos não só abrir olhos e ouvidos, mas também o coração.
O tema é um pouco controverso e nos expõe a situações de quebra de paradigmas. “O velho paradigma de deixar a fé na hora de trabalhar não funciona mais. Mais do que nunca, as pessoas querem um trabalho que se encaixe em um propósito para sua vida”, diz o diretor do Projeto de integração Trabalho / Vida da Wharton, Stew Friedman.
Nada na empresa deve ser em defesa de um, em detrimento do outro. É preciso discutir princípios, valores, diferenças sempre, tendo em vista a compreensão do outro. Estudo de diversidades e exercícios de alteridade devem ser conteúdos trabalhados em uma empresa, com os colaboradores e em cada produto entregue a sociedade.
A tolerância religiosa impõe na empresa a necessidade de ampliar os limites, desmontando preconceitos, revendo cronologias e desenvolvendo análises comparativas, tanto nas relações entre os colaboradores quanto com o coletivo. O importante é que todos devem ser ouvidos e respeitados. Na diversidade se faz riqueza, conduzindo compreensão, respeito, admiração e atitudes pacificadoras a todos.
Portanto, tolerância religiosa não significa indiferença ou simplesmente respeitar as leis. A tolerância envolve ação e participação: permitir que outros tenham crenças diferentes, que possam também mudar de religião, aceitar que os seguidores de outras religiões considerem sua fé como verdadeira e única.
Porém, neste momento que vivemos, devemos pensar a religião articulada com reflexões críticas sobre esquemas geradores de discriminação ou exclusão de outros direitos da sociedade, inclusive o religioso. E é neste contexto cultural e religiosamente diverso, no qual todas as crenças e expressões religiosas devem ser respeitadas, que se insere o debate da tolerância religiosa dentro da empresa. É preciso sempre disponibilizar esclarecimentos sobre o direito a diferença, valorizando a diversidade cultural e religiosa presentes na empresa e na sociedade.
*Suzana Braga é Sócia-diretora da Colméia Arquitetura e Engenharia.
Muitos conflitos e guerras violentas foram e ainda são travadas em nome de uma determinada crença religiosa. A violência interreligiosa, entre as religiões, pode causar espanto, mas tem crescido de forma assustadora. A intolerância acontece entre hindus e muçulmanos na Índia, entre budista e hindus no Sri Lanka, entre cristãos e muçulmanos nas Filipinas, Indonésia e a extinta Iugoslávia, entre judeus e muçulmanos no Oriente Médio, entre católico-romano e protestantes na Irlanda e entre budistas e cristãos na Birmânia e o extremismo religioso não para por aí. Mesmo no Brasil, experimentamos cenas de intolerância religiosa movidas por neo-pentecostais contra adeptos das religiões afro-brasileiras.
A liberdade de crença deve ser absoluta. O livre-arbítrio deve incluir, também, a liberdade de não-crença, da expressão de ateísmo, agnosticismo ou da simples indiferença frente aos valores religiosos. O respeito à diversidade é um dos valores mais importantes no exercício da cidadania. Opções religiosas, homossexualismo e deficiência física são exemplos de situações de diversidade na sociedade, com as quais as empresas precisam saber conviver e respeitar.
Soluções cabíveis ao empresariado na busca da tolerância religiosa podem ser a procura de orientação com profissionais da área de recursos humanos, a articulação de palestras na empresa e a disseminação da política do bom relacionamento. Instituições que agem com responsabilidade e respeito pelas opções de seus colaboradores e clientes, inclusive religiosa, são sempre bem vista pela sociedade.
Em uma época em que o senso da delicadeza e do cuidado pelo outro é escasso, devemos procurar pistas que traduzam a abertura inter-religiosa no trabalho. O caminho para este desvelamento é uma viagem para dentro de si mesmo, o que culmina em um diálogo não superficial. Precisamos de uma profunda provocação, no sentido de uma mudança de rota ou, melhor ainda, de mudança de ritmo e de percepção do real. Devemos não só abrir olhos e ouvidos, mas também o coração.
O tema é um pouco controverso e nos expõe a situações de quebra de paradigmas. “O velho paradigma de deixar a fé na hora de trabalhar não funciona mais. Mais do que nunca, as pessoas querem um trabalho que se encaixe em um propósito para sua vida”, diz o diretor do Projeto de integração Trabalho / Vida da Wharton, Stew Friedman.
Nada na empresa deve ser em defesa de um, em detrimento do outro. É preciso discutir princípios, valores, diferenças sempre, tendo em vista a compreensão do outro. Estudo de diversidades e exercícios de alteridade devem ser conteúdos trabalhados em uma empresa, com os colaboradores e em cada produto entregue a sociedade.
A tolerância religiosa impõe na empresa a necessidade de ampliar os limites, desmontando preconceitos, revendo cronologias e desenvolvendo análises comparativas, tanto nas relações entre os colaboradores quanto com o coletivo. O importante é que todos devem ser ouvidos e respeitados. Na diversidade se faz riqueza, conduzindo compreensão, respeito, admiração e atitudes pacificadoras a todos.
Portanto, tolerância religiosa não significa indiferença ou simplesmente respeitar as leis. A tolerância envolve ação e participação: permitir que outros tenham crenças diferentes, que possam também mudar de religião, aceitar que os seguidores de outras religiões considerem sua fé como verdadeira e única.
Porém, neste momento que vivemos, devemos pensar a religião articulada com reflexões críticas sobre esquemas geradores de discriminação ou exclusão de outros direitos da sociedade, inclusive o religioso. E é neste contexto cultural e religiosamente diverso, no qual todas as crenças e expressões religiosas devem ser respeitadas, que se insere o debate da tolerância religiosa dentro da empresa. É preciso sempre disponibilizar esclarecimentos sobre o direito a diferença, valorizando a diversidade cultural e religiosa presentes na empresa e na sociedade.
*Suzana Braga é Sócia-diretora da Colméia Arquitetura e Engenharia.
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